quinta-feira, 30 de novembro de 2017

A argumentação nas redações de vestibular

– Podemos dizer que os argumentos são todos os recursos utilizados para defender determinado ponto-de-vista expresso no texto. No texto abaixo, vemos que Padre Antônio Vieira descreve os principais tipos de argumentos que um autor pode utilizar para sua opinião.

– Trecho do Sermão da Sexagésima

“(…) O Sermão há de ser duma só cor, há de ter um só objeto, um só assunto, uma só matéria. Há de tomar o pregador uma só matéria, há de defini-la para que se conheça, há de dividi-la para que se distinga, há de prová-la com a Escritura, há de declará-la com a razão, há de confirmá-la com o exemplo, há de amplificá-la com as causas, com os efeitos, com as circunstancias, com as conveniências que se hão de seguir, com os inconvenientes que se devem evitar, há de responder as duvidas, há de satisfazer as dificuldades, há de impugnar e refutar com toda a força da eloquência os argumentos contrários, e depois disto ha de colher, há de apertar, há de concluir, há de persuadir, há de acabar. Isto é o sermão, isto é pregar, e o que não é isto, é falar de mais alto. Não nego nem quero dizer que o sermão não haja de ter variedade de discursos, mas esses hão de nascer todos da mesma matéria, e continuar e acabar nela.”

– Neste trecho, percebemos que Padre Antônio Vieira nos ensina o processo de produção de um sermão, podemos facilmente transpor esses moldes para uma dissertação. E consequentemente ele relata algumas formas de argumentar. Para começar, ele começa falando que o texto deve ter “uma só matéria”, “um só assunto”, percebemos aqui que o autor defende que o texto deve ter uma unidade temática. Os argumentos devem estar organizados de forma que um não se contraponha ao outro. Depois ele prossegue dizendo que devemos provar através das Escrituras. Escrituras é a Bíblia, no caso o documento utilizado por ele para comprovar seus argumentos, mas podemos dizer que qualquer fonte de citação é interessante para que nosso ponto-de-vista seja comprovado, desde que a opinião expressa na citação esteja de acordo com a opinião do autor da dissertação. Em “há de confirmá-la com o exemplo” vemos que os exemplos também são recursos que comprovam uma determinada opinião, servem como argumento. O trecho “há de amplificá-la com as causas, com os efeitos” demonstra um tipo muito bom de argumento: relação entre causas e efeitos. Discutir sobre a causa e efeito de um determinado tema é mostrar a origem do problema descrito no texto, e em seguida mostrar as suas conseqüências na sociedade. Também é interessante o argumento de refutação: “há de impugnar e refutar com toda a força e eloqüência os argumentos contrários”. Toda opinião polêmica implica em uma oposição. Utilizar esse posicionamento contrário ao seu é um bom recurso desde que se utilize refutando, ou seja, contradizendo o oponente.

– Claro, nem todos os recursos argumentativos foram descritos nesse texto, porém os recursos descritos aqui já são o suficiente para um bom texto. Concluindo, a argumentação requer uma seleção equilibrada de todos os recursos de convencimento sobre um determinado ponto-de-vista. E só vamos conseguir conhecê-los com um bom hábito de leitura e estudos.

ATIVIDADE

– Leia o texto abaixo, e selecione alguns argumentos baseados no seu ponto de vista sobre o tema. E separe pelo menos três deles.

“Em 12 de fevereiro de 1809, nascia o inglês Charles Darwin (1809-1882), um dos cientistas mais importantes da história. O naturalista revolucionou os conceitos sobre a evolução das espécies por meio da teoria da seleção natural (entenda melhor sobre ela aqui).

Na data de seu aniversário, seu incontável número de admiradores promovem uma homenagem anual batizada de Darwin Day (Dia de Darwin, em tradução livre). O principal objetivo é justamente ressaltar suas contribuições para a humanidade.

A teoria de Darwin, apesar de comprovada cientificamente, ainda encontra resistência. Principalmente entre os defensores do criacionismo que recusam a evolução. No Brasil, há quem defenda que essa doutrina seja ensinada nas escolas”

(UOL)

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